Objeções:
Kant nega a possibilidade da demonstração da
existência de Deus pela razão utilizando de pelo menos dois argumentos:
- Só podemos conhecer os fenômenos e não as coisas em si (noumeno). [Fenômeno – na filosofia de Immanuel Kant o termo 'Fenômeno' é constratado com o termo 'Nôumeno'. Os fenômenos constituem o mundo como nós o experimentamos, ao contrário do mundo como existe independentemente de nossas experiências ('das coisas-em-si'). Segundo Kant, os seres humanos não podem saber da essência das coisas-em-si, mas saber apenas das coisas segundo nossos esquemas mentais nos permitem apreender a experiência — o termo "filosofia" na época de Kant seria, hoje o equivalente aproximado do que chamamos de "ciência". A filosofia deve, portanto, preocupar-se em compreender o próprio processo da experiência.] Nôumeno – o que é apreendido pelo pensamento. Designa a realidade considerada em si mesma – a coisa-em-si, independentemente da relação de conhecimento, podendo apenas ser pensada, sem ser conhecida.
- Segundo Kant, não se pode utilizar o princípio da causalidade fora da ordem sensível (no mundo dos fenômenos, no mundo da experiência empírica.) e Deus está fora da área sensível
Refutação:
- Kant admite a realidade das coisas em si
independentes do sujeito que conhece. Então independente do fato de se conhecer ou não a coisa em si,
admite que tais objetos existem na realidade. Da mesma forma mesmo
que não possamos conhecer o Ser Supremo tal qual ele é, podemos saber da
sua existência, e esse é nosso objetivo aqui. Isso é possível, não
diretamente como ocorre com os outros seres, mas indiretamente em
função da aplicação do princípio da causalidade usado para descobrir a
razão da existência dos seres.
- Com o avanço da Ciência é possível
conhecer muito mais dos seres que na época de Kant. Assim mesmo que não
possamos apreender tudo que o objeto do nosso exame é, podemos descobrir
vários dos seus atributos e características, como por exemplo, uma pedra:
peso, volume, composição química, etc. Da mesma forma, tal qual será
visto, mesmo não podendo conhecer 100% Deus, podemos conhecer alguns
de seus atributos.
- O princípio da causalidade tal qual será
usado serve apenas para exigir uma causa do universo, e isto em virtude do que
apreendemos experimentalmente (na ordem sensível), e para definir o
que é, ou deve ser em si, esta causa.
- Só se pode falar dessa Causa,
considerada em sua própria natureza de causa, senão levando em conta a
analogia, a analogia proporcional, isto, é, de um modo de pensamento em
que as coisas de que falamos são apenas proporcionalmente semelhantes às
que concebemos, segundo nossa experiência.
- Em outras palavras, o conceito analógico
de causa, que se encontra em todas as provas da existência de Deus como
meio termo, designa, não a causalidade tal qual existe na ordem empírica
(prática, experimental), mas aquilo em que essa causalidade da ordem
criada é proporcionalmente semelhante a uma causalidade de uma outra ordem
essencialmente diferente. Então daí se conclui que Deus é ser e causa, mas
de modo absolutamente exclusivo, pois ele é a causa não causada e o ser
cuja essência corresponde à existência.
JOLIVET,
Regis. Curso de filosofia. Rio de Janeiro, Agir, 1976.
JOLIVET,
Regis. Tratado de filosofia - Vol 3 Metafásica. Agir, 1972
TILGHMAN,
B. R. Introdução à Filosofia da Religião.São Paulo, Loyola, 1996.
ZILLES,urbano.
Filosofia da Religião. Paullus, 1991.
ZILLES,Urbano. O Problema do
conhecimento de Deus.Porto Alegre, EDIPUCRS, 1989