Pesquisar

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Debate de William Lane Craig com Barth Ehrman.


Em preto:  a fala de Barth Ehrman.
Em vermelhoWilliam Lane Craig
" Historiadores tentam estabelecer com suas capacidades o que provavelmente aconteceu no passado. Nós não podemos saber realmente o que aconteceu no passado porque o passado já passou. Nós achamos que sabemos o que aconteceu em alguns acontecimentos do passado porque temos algumas boas evidências para o que aconteceu, mas em outros casos nós não sabemos, e em alguns casos nós apenas podemos jogar as mãos para o alto, nos entregar e desistir.
É relativamente certo que Bill Clinton venceu a eleição presidencial americana em 1996. Poderá ser de alguma forma menos claro quem venceu a eleição seguinte. É perfeitamente claro que Shakespeare escreveu seus sonetos, mas existe um considerável debate sobre isto. Por que? Isto foi a centenas de anos atrás, e estudiosos surgem com opiniões alternativas. É provável que César atravessou o rio Rubicão, mas nós não temos muitas testemunhas oculares deste fato. Historiadores tentam estabelecer níveis de probabilidade sobre o que aconteceu no passado. Algumas coisas são absolutamente certas, algumas prováveis, outras possíveis, algumas são “talvez”, algumas não são prováveis.
Que tipo de evidências os estudiosos procuram quando tentam estabelecer probabilidades sobre o passado? 
Bem, o melhor tipo de evidência, claro, consiste de relatos contemporâneos aos eventos; pessoas que viveram próximas ao tempo dos acontecimentos dos eventos. Em última análise, se você não tem uma fonte que se encontra próxima ao tempo de ocorrência dos eventos, então você não tem uma fonte fidedigna. Existem apenas dois tipos de fontes de informações para eventos passados: ou relatos baseados em testemunhas oculares, ou relatos que foram inventados. Estes são os únicos tipos de relatos que você tem do passado – ou coisas que aconteceram ou coisas que foram inventadas. Para determinar que relatos correspondem de fato com o que aconteceu, você necessita de narrativas contemporâneas aos acontecimentos, fontes que estão próximas ao tempo de ocorrência dos eventos, e ajuda se você tiver muitos destes relatos. Quanto mais, melhor! Você precisa de muitos relatos contemporâneos, e você precisa que eles sejam independentes uns dos outros
Não te ajudará nada ter diferentes relatos que sofreram influências uns dos outros; você precisa de relatos que atestam independentemente os resultados. Além disso, mesmo que você precise de relatos independentes uns dos outros, que não foram influenciados por outros relatos, você precisa de relatos que corroboram uns aos outros; relatos que são consistentes com aquilo que eles têm a dizer sobre o assunto em questão. Além de tudo isso, finamente, você necessita de fontes que não sejam tendenciosas acerca do assunto. Você necessita de relatos desinteressados. Você precisa de muitos deles, você precisa que eles sejam independentes uns dos outros, e você ainda precisa que eles sejam consistentes uns com os outros.
Os evangelhos são boas fontes históricas?
O que nós temos sobre os evangelhos do Novo Testamento? Bem, infelizmente não estamos tão abastados quanto gostaríamos de estar. Nós gostaríamos de estar extremamente abastados porque os evangelhos nos contam sobre Jesus, e eles são nossas melhores fontes sobre Jesus. Mas o quão boas estas fontes são? Eu não estou questionando se elas são fontes teológicas válidas para assuntos religiosos. 
Mas quão boas historicamente elas são? Infelizmente, elas não são tão boas como nós gostaríamos que elas fossem. 
Os evangelhos foram escritos 35 ou 36 anos após a morte de Jesus – 35 ou 36 anos após sua morte, não por pessoas que foram testemunhas oculares, mas por pessoas que viveram depois. Os evangelhos foram escritos por pessoas altamente letradas, treinadas, fluentes em grego e que viveram em uma segunda ou terceira geração após a morte de Jesus. 
Eles não foram escritos pelos seguidores de Jesus que falavam aramaico. Eles foram escritos por pessoas que viveram 30, 40, 50, 60 depois. Onde estas pessoas conseguiram suas informações? Devo salientar que os evangelhos afirmam ter sido escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João. Mas, isto é apenas em sua Bíblia em português. Estes são os títulos dos evangelhos, mas quem quer que tenha escrito o evangelho de Mateus, não o chamou de Evangelho de Mateus. Quem quer que tenha escrito o evangelho de Mateus simplesmente escreveu este evangelho, e alguém depois disse que ele era o evangelho de acordo com Mateus. Alguém depois está dizendo a você quem o escreveu. Os títulos são adições posteriores. Os evangelhos não são relatos de testemunhas oculares. Então, de onde eles conseguiram suas informações?
Após os dias de Jesus, as pessoas começaram a contar histórias sobre ele a fim de converter outras pessoas à fé. Eles estavam tentando converter judeus e gentios. Como você convence alguém a parar de adorar seu Deus para começar a adorar Jesus? Você precisa contar histórias sobre Jesus. Então você converte uma pessoa a partir daquilo que você diz. Esta pessoa converte outra que converte outra, e ao mesmo tempo as pessoas continuam contando suas histórias.
A maneira como isto funciona é assim: eu sou um negociador em Éfeso e alguém vem à cidade e me conta histórias sobre Jesus; a partir destas histórias, eu me converto. Eu digo à minha mulher estas histórias. Ela se converte. Ela então conta as histórias à nossa vizinha do lado. Ela se converte. A vizinha conta as histórias a seu marido. Ele se converte. Ele viaja a Roma a negócios, e conta a algumas pessoas lá estas histórias. Eles se convertem. Estas pessoas que ouviram as histórias em Roma, onde eles as ouviram? Eles as ouviram de um homem que morava perto de mim. Bem, ele estava lá para ver as coisas acontecendo? Não. De onde ele ouviu as histórias, então? Ele as ouviu de sua mulher. De onde ela as ouviu? Ela estava lá? Não. Ela as ouviu de minha mulher. De onde minha mulher as ouviu? Ela as ouviu de mim. Bem, de onde eu as ouvi? Nem eu mesmo estava lá.
Histórias estão em circulação ano após ano após ano, e em razão disto, as histórias são alteradas. Como sabemos que as histórias foram alteradas no processo de transmissão? Nós sabemos as histórias que foram alteradas quando existem numerosas diferenças em nossos relatos que não podem ser reconciliados uns com os outros. Você não precisa acreditar nisso porque eu estou falando; apenas confira por si mesmo. Eu digo a meus alunos que a razão de nós não percebemos que existem tantas diferenças nos evangelhos é porque nós os lemos verticalmente, isto é, do início ao fim. Você começa ler Marcos, o lê do início ao fim; então você lê Mateus, lê-lo do início ao fim, e Mateus soa muito parecido com Marcos; então você lê Lucas do início ao fim, e Lucas soa muito parecido com Mateus e Marcos; depois você lê João, um pouquinho diferente, mas soa igual com os demais. A razão é porque você os está lendo verticalmente. A maneira de enxergar as diferenças nos evangelhos é lê-los horizontalmente. Leia uma história em Mateus, então a mesma história em Marcos, e compare as duas histórias e veja o que perceberá. Você enxergará grandes diferenças. Apenas pegue o caso da morte de Jesus. Em qual dia Jesus morreu e em qual horário? Ele morreu um dia antes do pão da Páscoa ser comido, como João explicitamente diz, ou ele morreu depois dele ser comido, como Marcos explicitamente diz? Ele morreu ao meio dia, como é dito em João, ou às 9 da manhã, como dito em Marcos? Jesus carregou sua cruz sozinho por todo o caminho ou Simão de Cirene a carregou? Isto depende de qual evangelho você lê. Os dois ladrões zombaram de Jesus na cruz ou apenas um deles zombou dele enquanto o outro o defendeu? Isto depende de qual evangelho você lê. O véu do templo se rasgou ao meio antes de Jesus morrer ou depois? Depende de qual evangelho você lê.
Ou então pegue os relatos sobre a ressurreição. Quem foi à tumba no terceiro dia? Maria foi lá sozinha ou ela foi com outras mulheres? Se Maria foi lá com outras mulheres, quantas outras foram lá, quem eram elas e quais eram seus nomes? A pedra que lacrava o sepulcro rolou antes delas chegarem lá ou não? O que elas viram na tumba? Elas viram um homem, elas viram dois homens, ou elas viram um anjo? Depende do relato que você lê. O que elas disseram aos discípulos? Era para os discípulos permanecerem em Jerusalém e ver Jesus lá ou era para eles saírem e verem Jesus em Galiléia? As mulheres falaram com alguém ou não? Depende do evangelho que você lê. Os discípulos nunca abandonaram Jerusalém ou eles a deixaram imediatamente rumo a Galiléia? Todas as respostas dependem de qual relato você lê.
Você tem os mesmos problemas com todas as fontes e com todos os evangelhos. Eles não são relatos fidedignos. Os autores não foram testemunhas oculares; eles foram cristãos fluentes em grego que viveram 35 a 65 anos após os eventos que eles narraram. Os relatos que eles narraram são baseados em tradições orais que estavam em circulação por décadas. Ano após ano os cristãos tentaram converter as demais pessoas contando histórias sobre Jesus ter ressuscitado da morte. Estes escritores estão contando histórias que os cristãos estão repetindo por todos estes anos. Muitas histórias foram inventadas e a maioria das demais foi alterada. Por esta razão, estes relatos não são tão úteis como nós gostaríamos que eles fossem para propósitos históricos. Eles não são contemporâneos aos acontecimentos, eles não são desinteressados, e eles não são consistentes.
Mas até mesmo se estas histórias fossem as melhores fontes no mundo, ainda permaneceria um obstáculo principal que nós simplesmente não podemos vencer se abordarmos a questão da ressurreição historicamente mais do que teologicamente. Tudo bem para mim se Bill quiser argumentar teologicamente que Deus ressuscitou Jesus ou até mesmo se ele quiser argumentar que Jesus ressuscitou a si mesmo da morte. Mas isto não pode ser uma reivindicação histórica, e não pela razão que ele impôs a mim como um velho argumento do século XVIII que já foi refutado. Historiadores podem estabelecer apenas o que provavelmente aconteceu no passado. O problema dos historiadores é que eles não podem repetir um experimento. Hoje, se você quiser provar alguma coisa, é muito simples conseguir provas para muitas coisas na ciência natural; na ciência experimental nós temos provas. Se eu quisesse provar a você que barras de sabão flutuam, mas barras de metal afundam, tudo o que eu preciso fazer é pegar 50 litros de água e começar a jogar as barras. As barras de sabão vão sempre flutuar, as barras de metal sempre vão afundar, e depois de algum tempo teremos um nível do que podemos chamar de probabilidade, onde se eu colocar o ferro novamente, ele afundará novamente, e se eu colocar o sabão, ele flutuará novamente. Nós podemos repetir experiências naturais fazendo experimentos científicos. Mas nós não podemos repetir experimentos na histórica porque uma vez que eles acontecem, acabou.
Milagres são ocorrências improváveis em todos os casos?
O que são milagres? Milagres não são impossíveis. Eu não vou dizer que eles são impossíveis. Você pode até pensar que eles são possíveis e, se você pensar assim, então você vai concordar com meu argumento mais do que eu mesmo. Eu estou dizendo que milagres são tão altamente improváveis que eles são a possibilidade mais remota em qualquer instância. Eles violam a maneira como a natureza normalmente trabalha. Eles são tão altamente improváveis, sua probabilidade é infinitesimalmente remota, que nós os chamamos milagres. Ninguém neste planeta pode andar sobre as águas. Quais são as chances de um de nós conseguir fazer isso? Bem, nenhum de nós pode, então vamos dizer que as chances são de uma em dez bilhões. Bem, alguém supostamente consegue. Isto dado que as chances são de uma em dez bilhões, mas, de fato, ninguém de nós consegue andar sobre as águas.
E sobre a ressurreição de Jesus? Eu não estou dizendo que isto não aconteceu; mas, se a ressurreição aconteceu, isto seria um milagre. A reivindicação de que Jesus ressuscitou não trata apenas do corpo de Jesus voltar à vida; ele voltou à vida para não morrer novamente. Esta é uma violação do que naturalmente acontece, todos os dias, tempo após tempo, milhões de vezes por ano. Quais são as chances de uma ressurreição acontecer? Bem, isto seria um milagre. Em outras palavras, seria tão altamente improvável que nós mão podemos explicar este evento por meios naturais. Um teólogo pode dizer que a ressurreição aconteceu, e para argumentar com o teólogo nós devemos argumentar em terreno teológico porque não há bases históricas para argumentação. Historiadores podem estabelecer apenas o que provavelmente aconteceu no passado, e por definição um milagre é a possibilidade mais remota a se considerar. Sendo assim, pela natureza do canons da pesquisa histórica, nós não podemos reivindicar historicamente que um milagre provavelmente aconteceu. Por definição, a ressurreição provavelmente não aconteceu. E a história pode estabelecer apenas o que provavelmente ocorreu.
Eu gostaria que pudéssemos estabelecer milagres, mas não podemos. Não é por culpa de ninguém. Simplesmente os canons da pesquisa histórica não permitem que se estabeleça como provável a mai improvável de todas as ocorrências. Por esta razão, as quatro evidências levantadas por Bill são completamente irrelevantes. Não pode ser provavelmente histórico um evento que desafia a probabilidade, mesmo que o evento tenha ocorrido. A ressurreição deve ser considerada pela fé, não com base em provas.
Permitam-me ilustrar um cenário alternativo do que poderia ter acontecido para explicar a tumba vazia. Eu não acredito no que vou dizer. Eu não acho que tenha acontecido desta forma, mas é mais provável que um milagre acontecendo, porque um milagre, por definição, é a possibilidade mais remota. Então, deixe-me dar mostrar a vocês uma teoria, apenas uma que eu inventei aqui. Eu poderia inventar vinte destas teorias que são implausíveis, mas que ainda assim são mais plausíveis que a ressurreição.
Jesus foi sepultado por José de Arimatéia. Dois parentes de Jesus então ficaram irritados por um desconhecido líder judeu ter enterrado o corpo. No fim da noite, estes dois parentes roubaram a tumba, pegaram o corpo e o enterram eles mesmos. Mas os soldados romanos na vigília os viram carregando o corpo pela estrada, lutaram com eles e os mataram. Eles jogaram os três corpos em uma mesma caverna, onde depois de três dias estes corpos estavam impossíveis de seres reconhecidos. A tumba então está vazia. Pessoas vão à tumba e a encontram vazia, começam a pensar que Jesus ressuscitou dos mortos, e elas começam a pensar que o viram, pois eles sabem que Jesus ressuscitou, afinal a tumba está vazia.
Este é um cenário improvável, mas você não pode objetá-lo como impossível de ter acontecido porque não é. Pessoas roubaram tumbas. Soldados mataram civis com um pretexto mínimo. Pessoas foram enterradas em uma mesma caverna e deixadas à podridão. Não é provável, mas este cenário é mais provável que um milagre, que é tão improvável que você deve apelar para uma intervenção sobrenatural para fazê-lo funcionar. Esta explicação alternativa que eu dei a vocês – que não é a que eu creio ser verdadeira – é pelo menos plausível, e é histórica, em oposição à explicação de Bill, que não é uma explicação histórica. A explicação de Bill é uma explicação teológica.
A evidência de que o próprio Bill não vê sua explicação como histórica é que ele reivindica que sua conclusão é que Jesus foi ressuscitado da morte. Quem o ressuscitou? Bem, presumidamente Deus! Esta é uma reivindicação teológica sobre alguma coisa que aconteceu com Jesus. Trata-se de alguma coisa que Deus fez com Jesus. Mas historiadores não podem presumir crença ou descrença em Deus ao fazerem suas conclusões. Discussões sobre o que Deus fez são naturalmente teológicas, elas não são históricas. Historiadores, sinto em dizer, não têm acesso a Deus. Os canons da pesquisa histórica são restritos apenas ao que acontecem aqui neste plano terreno. Eles não podem nem pressupõe nenhum tipo de crença sobre o mundo natural. Eu não estou dizendo que isto é bom ou mau. Simplesmente é a maneira pela qual a pesquisa histórica trabalha.
Permitam-me lhes dar uma analogia. Não é ruim que não existam provas matemáticas para a evidência de uma polêmica antisemitista em O Mercador de Veneza. Matemática é simplesmente irrelevante em relação a questões literárias. Da mesma forma, as pesquisas históricas não podem conduzir reivindicações teológicas sobre o que Deus fez.
Em resumo, as fontes que temos não são tão boas quanto desejamos que elas fossem. As narrativas foram escritas muitas décadas após os fatos por pessoas que não estavam lá para vê-las acontecendo, que herdaram histórias que foram alteradas no processo de transmissão. Estes relatos que temos sobre a ressurreição de Jesus não são internamente consistentes; eles são cheios de discrepâncias, incluindo o relato da morte e ressurreição de Jesus. Mas existe o problema com o milagre. Não se trata do problema filosófico com o milagre discutido nos séculos XVII e XVIII. Trata-se de um problema histórico com o milagre, Historiadores não podem estabelecer milagres como ocorrência mais provável porque milagres, por sua natureza são as mais improváveis ocorrências. Obrigado!
Reposta:
Ao calcular a probabilidade da ressurreição de Jesus, o único fator que ele considera é a intrínseca probabilidade apenas [Pr (R/B)]. Ele simplesmente ignora todos os outros fatores envolvidos num cálculo de probabilidade.

 E isto é uma falácia aritmética. Veja:


  • Pr (E/B & R) é chamado de poder explanatório da hipótese da ressurreição. Pr = probabilidade. E=Explicação. B=conhecimento. R= ressurreição
  • Pr (R/B) é chamada de intrínseca probabilidade da ressurreição. Ela nos diz o quão provável a ressurreição é dado o corpo de informações que temos.
  • Pr (not-R/B) x Pr (E/B& not-R) representa a intrínseca probabilidade e o poder explanatório de todas as explicações naturalistas alternativas à ressurreição de Jesus. Pr = probabilidade. E=Explicação. B=conhecimento.  not-R=  não ressurreição

Em uma forma mais resumida:

Nós podemos ver isto ao olhar para a forma dos cálculos de probabilidade. Eles têm esta forma:
X= intrínseca probabilidade e o poder explanatório da hipótese da ressurreição de Jesus
Y, que representa a intrínseca probabilidade e o poder explanatório das explicações naturalistas para a ressurreição de Jesus
Observe que quanto mais próximo de zero o Y estiver, mais o valor deste cálculo se aproxima de 1, que na teoria de probabilidade representa “absoluta certeza”. Então, o que é realmente crucial aqui é a probabilidade de Y, que representa a intrínseca probabilidade e o poder explanatório das explicações naturalistas para a ressurreição de Jesus. Então, o Dr. Ehrman não pode simplesmente ignorar estas hipóteses inconsistentes. Se ele quiser explicar que a ressurreição é um evento improvável, ele precisa não apenas derrubar todas as evidências para a ressurreição, mas ele também precisa erigir um caso positivo em favor de alguma explicação naturalista alternativa à ressurreição.




Quando falamos sobre a probabilidade de algum evento ou hipótese A, esta probabilidade é sempre relativa a um corpo de informações de um contexto B. Assim, nós dizemos sobre a probabilidade de A sobre B, ou de A em relação a B.

Pr (R/C) é chamada de intrínseca probabilidade da ressurreição. Ela nos diz o quão provável a ressurreição é dado o corpo de informações que temos.
P= probabilidade
R= ressurreição
C= Conhecimento

Mas isto não é tudo. Dr. Ehrman apenas assume que a probabilidade da ressurreição em relação ao corpo de informações que temos [Pr (R/B)] é muito pequeno. Mas aqui, eu penso, ele se confundiu. O que, afinal de contas, é a hipótese da ressurreição? É a hipótese de que Jesus ressuscitou sobrenaturalmente da morte. Não é uma hipótese de que Jesus reviveu naturalmente da morte. Que Jesus ressuscitou naturalmente da morte é fantasticamente improvável. Mas eu não vejo nenhuma boa razão para considerar como improvável o fato de Deus ter ressuscitado Jesus de dentre os mortos.
A fim de mostrar que esta hipótese é improvável, você teria de mostrar que a existência de Deus é improvável. Mas Dr. Ehrman disse que um historiador não pode dizer nada sobre Deus. Portanto, ele não pode dizer que a existência de Deus é improvável. Mas se ele não pode dizer isto, ele também não pode dizer que a ressurreição de Jesus é improvável. Portanto, a posição do Dr. Ehrman é literalmente autocontraditória.
Hume, na verdade, não estava falando sobre o que eu estou falando. Hume estava falando sobre a possibilidade de milagres acontecerem. Eu não estou falando sobre a possibilidade de um milagre acontecer. Eu não aceito o argumento de Hume de que milagres não podem acontecer. Eu estou perguntando, supondo que milagres acontecem, os historiadores podem demonstrá-los? Não, eles não podem. Se Bill quiser mostrar seu cálculo matemático de possibilidades novamente, então eu sugiro que ele faça o mesmo em relação a outras opções históricas – por exemplo, aquela que eu propus de que dois membros da família de Jesus roubaram o corpo e que então eles foram mortos e lançados dentro de uma tumba comum. Isto provável-mente não aconteceu, mas é mais plausível do que a explicação de que Deus ressuscitou Jesus de dentre os mortos.
Deixe-me lhes dar outra explicação, uma que veio à minha mente ontem à noite enquanto estava sentando pensando sobre esta questão. Vocês sabem que nós temos de tradições cristãs sírias que dentre os irmãos de Jesus, que são mencionados no evangelho de Marcos, um deles se chamava Judas, que era particularmente próximo a Jesus e que um destes irmãos, Judas, também conhecido como Judas Thomas, era o irmão gêmeo de Jesus. Agora, eu não estou dizendo que isto está correto, mas é o que os cristãos sírios pensavam no segundo e terceiro séculos, que Jesus tinha um irmão gêmeo. Como ele poderia ter tido um irmão gêmeo? Bem, eu não sei como ele poderia ter tido um irmão gêmeo, mas era isto que os cristãos sírios diziam. Na verdade, nós temos histórias interessantes sobre Jesus e seu irmão gêmeo em um livro chamado “Atos de Tomás”, segundo o qual Jesus e seu irmão gêmeo eram gêmeos idênticos. Eles se assemelhavam em tudo e a todo o momento Jesus confundia as pessoas: quando eles viam apenas Thomas saindo da sala, lá estava ele novamente, e eles não entendiam. Bem, é seu irmão gêmeo aparecendo. Suponha que Jesus teve um irmão gêmeo – nada implausível! Pessoas têm gêmeos. Após a morte de Jesus, Judas Tomás e outras pessoas ligadas a Jesus se esconderam e ele escapou de Judá. Alguns anos depois um dos seguidores de Jesus viu Judas Tomás e eles pensaram que era Jesus. Outros começaram a relatar o mesmo. Começa-se então a se espalhar a notícia de que Jesus não está mais morto. O corpo de Jesus na tumba após o tempo se decompôs perdendo a possibilidade de ser conhecido. A histórica de que Jesus ressuscitou dos mortos começa a ganhar a confiança entre as pessoas, e nas tradições orais mais relatos começavam a ser contados sobre o caso, incluindo versões de que eles encontraram uma tumba vazia. Esta é uma explicação alternativa. É altamente improvável. Eu não apostaria nela por um segundo, mas ela é mais provável do que a idéia de que Deus ressuscitou Jesus de dentre os mortos porque esta hipótese apela para o sobrenatural, e os historiadores não têm acesso a isto.
E sobre o segundo ponto, e crucial, sobre a ressurreição de Jesus ser a melhor explicação para os fatos? Eu mostrei como o argumento baseado na probabilidade que ele deu por várias vezes em seus livros é falacioso. E ele diz, “Bem, Hume não está falando sobre meu argumento; ele está falando sobre a impossibilidade de milagres”. Isto é simplesmente um engano. O argumento de Hume é contra a identificação de milagres baseado em sua improbabilidade. E isto não responde ao meu ponto fundamental de que ele não pode dizer que a ressurreição de Jesus é improvável porque ele diz que historiadores não podem fazer julgamentos sobre este tipo de acontecimento. E mesmo que este evento fosse improvável, ele precisa considerar todas as outras evidências que contrabalançariam esta improbabilidade.
Agora, ele diz, “Bem, olhe para estas outras hipóteses. Talvez, por exemplo, familiares de Jesus roubaram seu corpo. Isto não é mais provável?“. Eu não acho. Observe que não há nenhum motivo neste caso para se roubar o corpo; os familiares de Jesus não acreditavam nele durante sua vida. Ninguém mais além de José e seus servos e as discípulas de Jesus sabiam onde o corpo havia sido sepultado. 
O tempo foi insuficiente – entre a noite de sexta e a manhã de domingo – para que tal conspiração fosse planejada e executada. 
Também, as roupas encontradas na sepultura desaprovam a hipótese do saque na tumba; ninguém iria despir o corpo antes de levá-lo.
Conspirações como estas sempre vêm à tona; os soldados romanos que guardavam a tumba ficariam felizes em informar aos líderes judeus o que aconteceu. E esta hipótese não explica as aparências de Jesus nem a origem da fé cristã na ressurreição de Jesus. Então, por todas estas razões, esta é uma hipótese improvável.
Em contraste, eu não acho que ele mostra nenhuma improbabilidade ao dizer que Deus ressuscitou Jesus de dentre os mortos. Tudo o que ele diz é que esta hipótese apela a Deus e que historiadores não podem inferir Deus. Mas lembrem, eu dei três respostas a esta questão. Primeiro, como na física, você não tem acesso direto às entidades explanatórias a fim de inferi-las. Segundo, todo o projeto do historiador é lidar com o passado inacessível, onde você tem que inferir acontecimentos baseando-se na evidência presente, mesmo que você não tenha acesso direto. E terceiro, este não é um debate sobre o que os historiadores podem fazer profissional-mente e sim um debate sobre se existem evidências históricas para a ressurreição de Jesus e as conclusões que nós podemos traçar. E mesmo que um historiador não possa fazer esta conclusão em uma publicação histórica ou uma sala de aula, ele pode aceitar esta conclusão enquanto ele volta para casa com sua esposa. E nós podemos aceitar esta conclusão se nós acharmos que as evidências são melhor explicadas desta forma, também. Em resumo, eu não acho que exista qualquer boa razão para pensar que as evidências históricas para a ressurreição de Jesus não sejam mais bem explicadas pela ressurreição.
Prosseguindo em sua análise sobre porque minha explicação alternativa não funciona, ele diz que a possibilidade dos familiares de Jesus terem roubado seu corpo é mais implausível do que a possibilidade de Deus ter ressuscitado Jesus de dentre os mortos. Por que? Eles não tinham motivo para isso. Bem, a verdade é que as pessoas agem por uma série de motivos, e motivos são coisas das mais difíceis de se estabelecer. Historicamente, talvez sua família quisesse que ele fosse sepultado em uma tumba da própria família. Ninguém sabia onde ele havia sido sepultado, ele diz. 

Bem, isto não é verdade; a verdade é que os evangelhos dizem que as mulheres observaram o sepultamento de longe, junto com a mãe de Jesus. Não havia tempo suficiente para isto acontecer. Aconteceu à noite. De quanto tempo alguém precisa? Isto não explica as roupas na caverna. Bem, as roupas na tumba provavelmente são um acrescimo posterior, uma lenda. Isto não explica as aparências de Jesus. Sim, pessoas têm visões o tempo todo.

 Uma vez que as pessoas começaram a acreditar que a tumba de Jesus estava vazia, eles começaram a pensar que ele ressuscitou dos mortos, e eles tiveram visões. Não estou dizendo que penso que isto aconteceu. Eu acho que é plausível. Isto poderia ter acontecido. É mais plausível do que afirmar que Deus deve ter ressuscitado Jesus de dentre os mortos. A ressurreição não é a explicação histórica mais provável. Notem que Bill teve mais cinco minutos para responder às minhas questões, e ele se recusou a fazê-lo; alguém poderia perguntá-lo por quê.

Ele diz, número quatro, que eu faço inferências duvidosas. Por exemplo, que uma vez que Paulo disse que Jesus apareceu, então existe uma tumba vazia. Eu nunca fiz tal inferência, neste debate ou qualquer de meus trabalhos escritos. Pelo contrário, nos meus livros meu argumento era que quando Paulo diz “e ele foi sepultado e ele ressuscitou”, nenhum judeu do primeiro século perguntaria, “mas o corpo permaneceu no túmulo?”. Para um judeu do primeiro século foram os restos da pessoa na tumba que ressuscitaram para a nova vida. A crença judaica para a vida após a morte era uma crença na ressurreição física do corpo ou do que sobrou dele, principalmente os ossos. Esta é a razão pela qual os judeus preservavam os ossos dos mortos em ossuários para a ressurreição no fim do mundo. Então, temos boas razões para acreditar na existência do túmulo vazio, e nenhum judeu do primeiro século poderia ter pensado de outra forma. Mas, certamente, dizer apenas que Jesus apareceu após sua morte não significa que esta aparição foi física.
Mas observem que Paulo distinguiu entre as aparições do Jesus ressurreto e as simples visões de Jesus. E eu desafiaria Dr. Ehrman a dar qualquer explicação sobre a diferença entre uma visão de Jesus, como aquela que Estevão teve (Atos 7:56), e uma aparição genuína do Jesus ressurreto, outra além do fato de que umas eram extra-mentais no mundo externo (aparições físicas) enquanto as outras (as visões) eram puramente intra-mentais.




Read more: http://www.reasonablefaith.org/portuguese/existem-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo-de-jesus-craig-ehrman#ixzz3nJpMTbZx

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Erros de Stephen Hawking sobre Deus, Lógica e Milagres


Image result for Hawking god



Este artigo ao fazer criticas ao ultimo livro do grande cientista Stphen Hawking, trata dos seguintes assuntos:

Conceito de Nada.
Big Bang
Natureza e definição de milagres
A natureza temporal da matéria/energia.
Principio da Causalidade
Princípio da Não Contradição



No lívro póstumo (publicado após a morte) de Stephen Hawking, "Breve respostas para grandes questões" ele comete vários erros.  A seguir pontuo alguns:

1- O universo foi criado do nada, segundo a ciência.
"Sou da opinião de que o universo foi criado espontaneamente, do nada, segundo as leis da ciência"Breves respostas para grandes questões. Stephen Hawking. Rio de Janeiro Intrinseca, 2018, p. 52
Resposta:
1- Hawking confessa no próprio livro que não sabe quais leis estavam em operação no momento da origem do universo. Mesmo assim ele tem fé que as leis da ciência fizeram o universo se autocriar
"Nos últimos cem anos, fizemos avanços espetaculares em nossa compreensão do universo. Conhecemos leis que governam quase todas as condições, com exceção das mais extremas, tais como as que deram origem ao universo...Acredito que o papel desempenhado pelo tempo no começo do universo é a chave final para eliminar a necessidade de um grande projetista e revelar como o universo criou a si mesmo. Breves respostas para grandes questões. Stephen Hawking. Rio de Janeiro Intrinseca, 2018, p. 52p. 59

2-Stephen Hawking ou não sabe o conceito de nada, ou seja, a inexistência, ou aproveita a ignorância de seus leitores para passar a ideia que o vácuo quântico (que ele chama de nada) criou o universo. Nesse erro ele segue os passos de outro astrofísico o Krauser  (veja link abaixo).  Parece que Hawking esqueceu o que escreveu num livro anterior:

"Como a energia não pode ser criada a partir do nada, uma das companheiras num par partícula/antipartícula terá energia positiva e a outra energia negativa." (Uma Breve História do Tempo. p.152 26 edição. Rio de Janeiro:Rocco, 1988 - Stephen Hawking).
Seu colega de profissão reitera: 

"Ademais, um “nada quântico”, com sua sopa borbulhante de universos-bebês, não é exatamente o que podemos chamar de um nada absoluto. O problema é que nós, humanos, não sabemos como criar algo a partir do nada. Precisamos dos materiais; precisamos das instruções. Essa limitação torna-se evidente quando tentamos lidar com a primeira das criações, a do Universo.(Criação Imperfeita- Marcelo Gleiser, p. 23, 2010)


3- Na verdade o que Stephen Hawking queria dizer era algo como o  vácuo quântico, cheio de energia, ou seja, ele usa o termo nada de maneira equivocada.
Clique aqui e veja o livro de seu colega Lawrence Krauss
 http://lordisnotdead.blogspot.com/2016/07/um-universo-que-veio-do-nada.html


Conclusão:

Não é correto de dizer que o universo veio do nada e nem que surgiu expontaneamente, pois do nada nada vem (ex nihilo nihilo fit)

2- Não pode existir milagres, poi este são violações das leis da natureza.
"Essas leis podem ou não ter sido determinadas por deus, mas ele não pode intervir para infringi-las, pois então elas não seriam leis. Isso dá a deus a liberdade de escolher o estado inicial do universo, mas mesmo aí parece que deve haver leis. Assim deus não teria liberdade alguma Breves respostas para grandes questões. Stephen Hawking. Rio de Janeiro Intrinseca, 2018, p. 59

Resposta: 
1- Milagres não são violações das leis da natureza., e que não contradizem a ciência. Na verdade são intervenções sobrenaturais nas leis, e não suspensões ou violações das mesmas, o Dr Willian Lane Craig explica quando entrevistado:
"milagre é o acontecimento que não pode ser produzido pelas causas naturais que atuam no tempo e lugar em que o evento ocorre...
- Não haveria aí uma contradição entre ciência e milagre? - perguntei. - O filósofo ateu Michael Ruse aponta:"Os criacionistas crêem que o mundo começou miraculosamente. Mas os milagres estão fora do âmbito da ciência, que, por definição, trata do natural, do recorrente, daquilo que é governado pela lei".
- Observe que Ruse não diz que os milagres são contraditórios com a ciência - notou Craig. - Ele diz que os milagres estão [ora do âmbito da ciência, e isso é bem distinto. Achoque o cristão que crê em milagre concordaria com ele nesse aspecto. Ele poderia dizer que os milagres, propriamente falando, estão fora âmbito da ciência natural - mas isso não significa dizer que eles contradizem a ciência....
2- As leis da natureza pressupõe que nenhum fator (natural ou sobrenatural) está interferindo na operação de um lei em específico, como por exemplo na lei da gravidade:

O senhor está discordando do grande cético David Hume, que definiu os milagres como violações das leis da natureza. - Sim, com certeza. Esse é um entendimento inadequado
do milagre - disse. - Veja, as leis naturais têm condições  implícitas ceteris paribus - expressão latina que significa "todas as demais coisas sendo iguais". Em outras palavras, as  leis naturais pressupõem que nenhum outro fator natural ou sobrenatural está interferindo na operação que a lei descreve.
- O senhor pode me fornecer um exemplo? Os olhos de Craig varreram a sala em busca de uma ilustração. Finalmente encontrou uma no próprio corpo. - Bem, é uma lei da natureza que o oxigênio e o potássio entrem em combustão quando combinados - explicou.
- Mas eu tenho oxigênio e potássio no meu corpo e, no entanto, não estou entrando em combustão. Isso significa que se trata de um milagre e que estaria violando as leis da natureza? Não, porque a lei simplesmente declara o que acontece em condições ideais, pressupondo que nenhum outro fator interfira. Neste caso, porém, existem outros fatores que interferem na combustão, e desse modo ela não ocorre. Não se trata de uma violação da lei.
- De igual modo, se existe um agente sobrenatural que está atuando no mundo natural, então as condições ideais descritas pela lei não mais estão atuando. A lei não está sendo violada porque ela tem uma regra implícita de que nada possa estar afetando as condições ideais....
 - A lei da gravidade declara o que irá acontecer sob condições ideais, sem a intervenção de fatores naturais ou sobrenaturais. Apanhar a maçã não subverte a lei.da gravidade nem requer a formulação de uma nova lei. E simplesmente a intervenção de uma pessoa com livre-arbítrio
que sobrepuja as causas naturais que atuam naquela circunstância particular. E é isso, essencialmente, o que Deus realiza quando faz ocorrer um milagre.
Em defesa da fé  Lee Suobel. São Paulo: Editora Vida, 2002

3- O universo se autocriou pelas leis da ciência.
"Nos últimos cem anos, fizemos avanços espetaculares em nossa compreensão do universo. Conhecemos leis que governam quase todas as condições, com exceção das mais extremas, tais como as que deram origem ao universo...Acredito que o papel desempenhado pelo tempo no começo do universo é a chave final para eliminar a necessidade de um grande projetista e revelar como o universo criou a si mesmo. Breves respostas para grandes questões. Stephen Hawking. Rio de Janeiro Intrinseca, 2018, p. 52p. 59

Resposta:
1- O termo auto criar é um termo autocontraditório, pois implica que o universo que já existia, começou a existir. Ou seja uma violação clara do principio da não contradição.Além disso ele mesmo,como visto na resposta da questão 1, ele disse que não se sabe que leis operavam.

2- O próprio Hawking admiti que o tempo, o espaço e a matéria começaram a existir no Big Bang . Em outras palavras como nada é causa de si mesmo o que atuou sobre Big Bang se trata de uma causa que foge do tempo, do espaço e da matéria. 
"No momento do Big Bang, um universo inteiro passou a existir, e com ele o espaço" Breves respostas para grandes questões. Stephen Hawking. Rio de Janeiro Intrinseca, 2018,p. 54
"Algo incrivelmente maravilhoso aconteceu no Big Bang. O próprio tempo começou Breves respostas para grandes questões. Stephen Hawking. Rio de Janeiro Intrinseca, 2018, p. 58
Não podemos voltar  a um tempo anterior ao Big Bang, porque não havia tempo antes do Big Bang.  Breves respostas para grandes questões. Stephen Hawking. Rio de Janeiro Intrinseca, 2018,p. 61
Conclusão:
Tudo que começa tem uma causa.
O universo (constituído de tempo, matéria e espaço)  começou.
Logo o universo tem uma causa atemporal, imaterial e adimensional.

4- Deus não pode ter criado o mundo porque não existia tempo antes do Big Bang. A ausência de tempo elimina uma causa.
Não podemos voltar  a um tempo anterior ao Big Bang, porque não havia tempo antes do Big Bang. Finalmente encontramos algo que não possui uma causa, porque não havia tempo para permitir a existência de uma. Para mim, isso significa que não existe a possibilidade de um criador, porque não existia o tempo para que nele houvesse um criador.  Breves respostas para grandes questões. Stephen Hawking. Rio de Janeiro Intrínseca, 2018,p. 60-61
Resposta:
1- Se a ausência de tempo invalida uma causa, então Hawking não poderia dizer que o "universo causou a si mesmo" , o seja, Hawking comete mais uma vez uma violação do principio da não contradição.

2-  Se o Big Bang é um efeito, logo ele tem uma causa. Esse é o princípio da causalidade. A causa que  provocou o Big Bang e este por sua vez gerou o tempo, o espaço e a matéria.. Sendo assim a causa primeira do Big Bang não pode ser material, espacial e temporal.

3- Como o tempo é a medida da mudança, e a primeira lei da termodinâmica e a lei de lavousier  determinam que na natureza a mudança é constante, e não pode haver criação nem destruição, logo isso implica que onde existe energia ou matéria (e com ela o tempo e o espaço), que é uma forma de energia, existe tempo. Ou seja, a energia/matéria por natureza é mutável e tudo que é mutável implica em tempo.  Se o tempo foi criado logo a energia foi criada. Se ela foi criada logo exige uma causa, um criador


Na Natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma". Lei da lavousier


Bibliografia citada:
Breves respostas para grandes questões. Stephen Hawking. Rio de Janeiro Intrínseca, 2018
Em defesa da fé  Lee Suobel. São Paulo: Editora Vida, 2002
Criação Imperfeita- Marcelo Gleiser, Record.2010
Uma Breve História do Tempo. p.152 26 edição. Rio de Janeiro:Rocco, 1988 -

sábado, 29 de julho de 2017

Deus criou o mal? O mal é um subproduto? veja 9 perguntas e respostas

Resultado de imagem para god and evil problem

1- Definição do MAL
2- Deus criou o mal?
3- Deus pode agir mal?
4- Quando Deus traz juízo ele faz o mal?
5- Como surgiu o mal?
6- Há propósito no mal, mesmo que ele seja apenas permitido?
7- E o mal natural? Terremotos, furacões?
8- Por que Deus criou este mundo? sabendo que o mal seria não só possível, mas real? Como pode se atingir o melhor mundo possível?
9- Como o mal prova a existência de Deus?


1- Definição do MAL
Existe mais de um sentido para o  termo mal, temos o mal moral e o mal natural


"1 Qualquer coisa que causa prejuízo ou pode ferir; infelicidade.
2 Tudo o que se opõe ao bem ou que é indesejável.
3 Qualquer circunstância de efeitos catastróficos.
4 Atitude que denota maldade.
5 Alteração do estado de saúde; enfermidade.
6 Aquilo que causa grande destruição ou desgraça; calamidade.
7 Sentimento de mágoa ou ressentimento; aflição, pesar.
8 Forma negativa de ser.
9 Sofrimento intenso como meio de expiação; castigo.
10 REG (RS)MED Vhanseníase.
11 O que há de imperfeito em algo ou alguém; defeito.
12 Aquilo que se mostra problemático ou difícil.
13 Qualquer coisa caluniosa.
14 FILOsofia Resultado de uma escolha deliberada pela perversidade." http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=&t=&palavra=mal

 Resumindo
O mal é o  nome que damos ao resultado de uma escolha que não foi boa, uma atitude negativa, um modo de ser, etc.
O mal não é um ser, uma entidade. O mal é um resultado e também uma escolha perversa.

2- Deus criou o mal?
O mal não é um ser.
Deus não pode criar um não ser.
Deus só pode criar algo, seres, entes, isto é, criaturas.
Deus não pode criar um não ser, algo que por definição não é um ser.
Logo, Deus não pode criar o mal.

ou

Deus criou todas substâncias.
O mal não é uma substância.
Logo Deus não criou o mal

"O mal é como a ferrugem no carro ou a podridão na árvore. Não é algo por si mesmo...Só existe [é real] em outras coisas...O mal é a privação de alguma coisa que deveria estar ali. O mal não é uma substancia real, mas uma privação real nas substancias boas"Enciclopedia de Apologética. São Paulo: Vida, p. 535

3- Deus pode agir mal?
O mal é o resultado de um escolha que não é boa e que por conseguinte causa resultados maus.
Deus é bom.
Do bom não pode vir o mal.
Logo Deus não pode fazer o mal

"O mal é a ausência do bem ... 
Ele não tem existência e, assim, Deus não o criou. 
Qualquer coisa que tenha existência é criada por Deus, mas Deus não criou a ausência do bem. De outra forma, teríamos de atribuir o mal a Deus." (Deus e a Cabana. Entendendo a presença divina no best-seller de William P. Young.Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2009)

4- Quando Deus traz juízo ele faz o mal?
Como vimos acima Deus só age com bondade, pois não pode fazer o mal.
Ao trazer julgamento por meio da morte ou outros tipos de punições ele esta exercendo justiça,  está punido o agente do mal ainda que neste caso isso possa implicar em sofrimento.
Is 45:7  Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal [calamidade]; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.
O texto acima traz pares de coisas opostas: luz-trevas, paz-calamidade. O mal moral não é o oposto de paz (shalom)
"A Bíblia é clara ao dizer que Deus é moralmente perfeito (cf. Dt 32:4; Mt 5:48), e que lhe é impossível pecar (Hb 6:18). Ao mesmo tempo, sua absoluta justiça exige que ele puna o pecado. Este juízo assume ambas as formas: temporal e eterna (Mt 25:41; Ap 20:11-15). 
Na sua forma temporal, a execução da justiça de Deus às vezes é chamada de "mal", porque parece ser um mal aos que estão sujeitos a ela (cf. Hb 12:11). Entretanto, a palavra hebraica correspondente a "mal" (rá) empregada no texto nem sempre tem o sentido moral. De fato, o contexto mostra que ela deveria ser traduzida como "calamidade" ou "desgraça", como algumas versões o fazem (por exemplo, a BJ). 
Assim, se diz que Deus é o autor do "mal" neste sentido, mas não no sentido moral - pelo menos não de forma direta. Além disso, há um sentido indireto no qual Deus é o autor do mal em seu sentido moral. Deus criou seres morais com livre escolha, e a livre escolha é a origem do mal de ordem moral no universo. Assim, em última instância Deus é responsável por fazer criaturas morais, que são responsáveis pelo mal de ordem moral. Deus tornou o mal possível ao criar criaturas livres, mas estas em sua liberdade fizeram com que o mal se tornasse real. E claro que a possibilidade do mal (i.e., a livre escolha) é em si mesma uma boa coisa. Portanto, Deus criou apenas boas coisas, uma das quais foi o poder da livre escolha, e as criaturas morais é que produziram o mal. Entretanto, Deus é o autor de um universo moral, e neste sentido indireto, ele, em última instância, é o autor da possibilidade do mal. É claro, Deus apenas permitiu o mal, jamais o promoveu, e por fim irá produzir um bem maior através dele (cf. Gn 50:20; Ap 21-22). A relação de Deus com o mal (Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia / Norman Geisler, Thomas Howe. São Paulo: Mundo Cristão, 1999)
5- Como surgiu o mal?
"Deus é bom, e criou criaturas boas com uma qualidade boa chamada livre-arbítrio. Infelizmente, elas usaram esse poder bom para trazer o mal ao universo ao se rebelar contra o Criador. Então o mal surgiu do bem, não direta, mas indiretamente, pelo mau uso do poder bom chamado liberdade. 
A liberdade em si não é má. É bom ser livre. Mas com a liberdade vem a possibilidade do mal. Então Deus é responsável por tornar o mal possível, mas as criaturas livres são responsáveis por torná-lo real....
Os seres humanos são a causa eficiente, embora secundária, das próprias ações livres. Deus produz o fato do livre-arbítrio, mas cada ser humano realiza o ato do livre-arbítrio. Então Deus é responsável pela possibilidade do mal, mas devemos assumir a responsabilidade pela realidade dele. ...
É claro que a pessoa usa o poder do livre-arbítrio para fazer livres escolhas. Mas a pessoa não é o livre- arbítrio. Ela apenas tem livre-arbítrio. É errado dizer que sou livre-arbítrio; apenas tenho livre-arbítrio. Então, sou a causa eficiente de minhas ações, mas o poder do livre-arbítrio é 0 meio pelo qual ajo livremente.
" Enciclopedia de Apologética. São Paulo: Vida, p. 534

6- Há propósito no mal, mesmo que ele seja apenas permitido?
7.1 Deus tem um bom propósito para tudo [que faz , mas não para tudo que acontece]
Deus conhece um propósito bom para todo o mal, mesmo que nós não o conheçamos. Só porque mentes finitas não conseguem imaginar um bom propósito para um mal não significa que ele não exista. Já que Deus é onisciente, ele sabe tudo. E já que é completamente bom, tem um bom propósito para tudo. Então, Deus realmente conhece um bom propósito para todo o mal, apesar de não o conhecermos: 
1. O Deus completamente bom tem um bom propósito para tudo [que faz]
2. Existem certos males para os quais não vemos um bom propósito. 
3. Logo, há um bom propósito para todo mal, apesar de não o vermos. O fato de seres finitos não verem o propósito de certos males não significa que este não exista. A incapacidade de ver o propósito do mal não refuta a benevolência de Deus; apenas revela nossa ignorância. 
O propósito de boa parte do mal é conhecido por nós. Apesar de não sabermos tudo, sabemos algo. E 0 que sabemos é que há um bom propósito para esse mal. Dores de advertência têm um bom propósito. Na verdade, a habilidade de sentir dor tem um bom propósito. Pois, se não tivéssemos o sistema nervoso, poderíamos destruir-nos sem sequer sentir dor. E a dor física pode ser a advertência que nos salva do desastre moral. ... E se nós, seres finitos, conhecemos o bom propósito de boa parte do mal, sem dúvida a mente infinita pode conhecer o bom propósito para o resto. 
7.2 O mal às vezes é subproduto do bom propósito
Nem todo mal específico precisa de um bom propósito. Alguns males podem simplesmente ser o subproduto necessário do bom propósito. ... o que é vida para formas superiores é morte para formas inferiores. Plantas e animais morrem para que o homem possa ter comida para viver. Então o mal resulta indiretamente do bem porque é a conseqüência de um propósito bom. 
Portanto, a resposta pode ser expressa da seguinte maneira: 
1. Deus tem um bom propósito para tudo que faz. 
2. Alguns bons propósitos têm subprodutos maus. 
3. Logo, alguns males são subprodutos de um bom propósito. 
Nem todo evento específico no mundo precisa ter um bom propósito. Apenas o propósito geral precisa ser bom. O ferreiro tem um bom propósito para martelar o ferro derretido e fazer a ferradura. Mas toda faísca que sai tem um propósito para seu destino. Algumas faíscas podem causar incêndios involuntários. Da mesma forma, Deus tinha um bom propósito para criar a água (sustentar a vida), mas afogamentos são um dos subprodutos malignos. Assim, nem todo afogamento específico precisa ter um bom propósito, apesar de a criação da água em que ele ocorreu ter tido. Muitas coisas boas seriam perdidas se Deus não tivesse permitido que o mal existisse. 0 fogo não queima a não ser que o ar seja consumido. A retribuição justa não é infligida nem a paciência é alcançada sem o mal da provação. 
Isso não significa que este mundo atual seja o melhor mundo possível. Significa que Deus o fez como a melhor maneira de atingir seu objetivo supremo do bem maior. Talvez Deus nem sempre tire algo bom de todo subproduto mau no mundo decadente. Isso poderia ser verdade no âmbito físico e moral. Como o lixo radioativo, alguns subprodutos malignos podem resistir ao reprocessamento. Na verdade, conforme a segunda lei da termodinâmica, o mundo físico está apodrecendo. Mas Deus tem o poder de recriá-lo (v. 2Pe 3.13). A morte do ser humano pode ser derrotada pela ressurreição (v. Rm 8; 1 Co 15). Nada disso é problema para o Deus onipotente." Enciclopedia de Apologética. Norman Geisler, São Paulo: Vida, p. 537)
Este mundo não é o melhor mundo possível, mas é o meio para o mundo ideal, o melhor mundo possível.
7- E o mal natural? Terremotos, furacões?
 "O desastre natural é resultado direto da maldição sobre a criação por causa do pecado da humanidade (Gn 3; Rm 8). Ela não será removida até Cristo voltar (Ap 21, 22). .... Na linguagem bíblica, o livre-arbítrio de Adão e Eva trouxe o desastre natural a este mundo. Além disso, o livre-arbítrio de anjos maus explica o resto do sofrimento humano. 
No entanto, mesmo ignorando essa possibilidade, que por si mesma explicaria todo mal natural, o sofrimento físico pode ser explicado em relação ao livre-arbítrio humano. 
1. Alguns sofrimentos são causados diretamente pelo livre-arbítrio. A escolha de abusar de meu corpo pode causar doença. 
2. Alguns sofrimentos são causados indiretamente pelo livre-arbítrio. A escolha de ser preguiçoso pode resultar em pobreza.
3. Alguns males físicos que afligem outros podem resultar do nosso livre-arbítrio, como no caso de maus tratos ao cônjuge ou aos filhos. 
4. Outros sofrem indiretamente por causa do nosso livre-arbítrio. 0 alcoolismo pode levar à pobreza dos filhos do alcoólatra. 
5. Alguns males físicos podem ser o subproduto necessário de um bom processo. Chuva, ar quente e ar frio são todos necessários para alimentação e para a vida, mas um subproduto dessas forças é o tornado. 
6. Alguns males físicos podem ser a condição necessária para alcançar o bem moral maior. Deus usa a dor para chamar nossa atenção. Muitos chegaram a Deus por meio do sofrimento. 
7. Alguns sofrimentos físicos podem ser a condição necessária de um bem moral maior. Assim como diamantes são formados sob pressão, o mesmo acontece com o caráter. 
8. Alguns males físicos são o acompanhamento necessário do mundo físico moralmente bom. Por exemplo, é bom ter água para nadar e passear de barco, mas uma concomitância necessária é que também podemos afogarnos nela. É bom ter relações sexuais para procriação e prazer, apesar de isso possibilitar o estupro. É bom ter alimento para comer, mas isso também possibilita a morte por envenenamento. 
A essa altura, o crítico pode perguntar por que o mundo físico é necessário. Por que Deus não criou espíritos, que não poderiam machucar seus corpos nem morrer? A resposta é: Deus criou; eles se chamam anjos. O problema é que, apesar de nenhum anjo poder morrer por envenenamento, ele também não pode se deliciar com um churrasco. Apesar de nenhum anjo jamais ter-se afogado, nenhum anjo jamais foi nadar ou esquiar na água. Nenhum anjo jamais foi estuprado, mas também nunca desfrutou do sexo ou da bênção de ter filhos (Mt 22.30). Neste mundo físico, simplesmente temos de aceitar o mal concomitante com o bem. Finalmente, é claro, os teístas cristãos acreditam que Deus nos redimirá de todo mal físico também, dando-nos corpos imortais e incorruptíveis. Mas, se os recebêssemos antes de estarmos moralmente preparados para eles, não faríamos 0 progresso moral necessário para sermos adequados a eles."Enciclopedia de Apologética. Norman Geisler, São Paulo: Vida, p. 538

8- Por que Deus criou este mundo? sabendo que o mal seria não só possível, mas real? Como pode se atingir o melhor mundo possível?
Bibliografia: 
http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=&t=&palavra=mal
Enciclopedia de Apologética. Norman Geisler, São Paulo: Vida, p. 534
Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. Norman Geisler, Thomas Howe. São Paulo: Mundo Cristão, 1999