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sábado, 29 de julho de 2017

Deus criou o mal? O mal é um subproduto? veja 9 perguntas e respostas

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1- Definição do MAL
2- Deus criou o mal?
3- Deus pode agir mal?
4- Quando Deus traz juízo ele faz o mal?
5- Como surgiu o mal?
6- Há propósito no mal, mesmo que ele seja apenas permitido?
7- E o mal natural? Terremotos, furacões?
8- Por que Deus criou este mundo? sabendo que o mal seria não só possível, mas real? Como pode se atingir o melhor mundo possível?
9- Como o mal prova a existência de Deus?


1- Definição do MAL
Existe mais de um sentido para o  termo mal, temos o mal moral e o mal natural


"1 Qualquer coisa que causa prejuízo ou pode ferir; infelicidade.
2 Tudo o que se opõe ao bem ou que é indesejável.
3 Qualquer circunstância de efeitos catastróficos.
4 Atitude que denota maldade.
5 Alteração do estado de saúde; enfermidade.
6 Aquilo que causa grande destruição ou desgraça; calamidade.
7 Sentimento de mágoa ou ressentimento; aflição, pesar.
8 Forma negativa de ser.
9 Sofrimento intenso como meio de expiação; castigo.
10 REG (RS)MED Vhanseníase.
11 O que há de imperfeito em algo ou alguém; defeito.
12 Aquilo que se mostra problemático ou difícil.
13 Qualquer coisa caluniosa.
14 FILOsofia Resultado de uma escolha deliberada pela perversidade." http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=&t=&palavra=mal

 Resumindo
O mal é o  nome que damos ao resultado de uma escolha que não foi boa, uma atitude negativa, um modo de ser, etc.
O mal não é um ser, uma entidade. O mal é um resultado e também uma escolha perversa.

2- Deus criou o mal?
O mal não é um ser.
Deus não pode criar um não ser.
Deus só pode criar algo, seres, entes, isto é, criaturas.
Deus não pode criar um não ser, algo que por definição não é um ser.
Logo, Deus não pode criar o mal.

ou

Deus criou todas substâncias.
O mal não é uma substância.
Logo Deus não criou o mal

"O mal é como a ferrugem no carro ou a podridão na árvore. Não é algo por si mesmo...Só existe [é real] em outras coisas...O mal é a privação de alguma coisa que deveria estar ali. O mal não é uma substancia real, mas uma privação real nas substancias boas"Enciclopedia de Apologética. São Paulo: Vida, p. 535

3- Deus pode agir mal?
O mal é o resultado de um escolha que não é boa e que por conseguinte causa resultados maus.
Deus é bom.
Do bom não pode vir o mal.
Logo Deus não pode fazer o mal

"O mal é a ausência do bem ... 
Ele não tem existência e, assim, Deus não o criou. 
Qualquer coisa que tenha existência é criada por Deus, mas Deus não criou a ausência do bem. De outra forma, teríamos de atribuir o mal a Deus." (Deus e a Cabana. Entendendo a presença divina no best-seller de William P. Young.Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2009)

4- Quando Deus traz juízo ele faz o mal?
Como vimos acima Deus só age com bondade, pois não pode fazer o mal.
Ao trazer julgamento por meio da morte ou outros tipos de punições ele esta exercendo justiça,  está punido o agente do mal ainda que neste caso isso possa implicar em sofrimento.
Is 45:7  Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal [calamidade]; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.
O texto acima traz pares de coisas opostas: luz-trevas, paz-calamidade. O mal moral não é o oposto de paz (shalom)
"A Bíblia é clara ao dizer que Deus é moralmente perfeito (cf. Dt 32:4; Mt 5:48), e que lhe é impossível pecar (Hb 6:18). Ao mesmo tempo, sua absoluta justiça exige que ele puna o pecado. Este juízo assume ambas as formas: temporal e eterna (Mt 25:41; Ap 20:11-15). 
Na sua forma temporal, a execução da justiça de Deus às vezes é chamada de "mal", porque parece ser um mal aos que estão sujeitos a ela (cf. Hb 12:11). Entretanto, a palavra hebraica correspondente a "mal" (rá) empregada no texto nem sempre tem o sentido moral. De fato, o contexto mostra que ela deveria ser traduzida como "calamidade" ou "desgraça", como algumas versões o fazem (por exemplo, a BJ). 
Assim, se diz que Deus é o autor do "mal" neste sentido, mas não no sentido moral - pelo menos não de forma direta. Além disso, há um sentido indireto no qual Deus é o autor do mal em seu sentido moral. Deus criou seres morais com livre escolha, e a livre escolha é a origem do mal de ordem moral no universo. Assim, em última instância Deus é responsável por fazer criaturas morais, que são responsáveis pelo mal de ordem moral. Deus tornou o mal possível ao criar criaturas livres, mas estas em sua liberdade fizeram com que o mal se tornasse real. E claro que a possibilidade do mal (i.e., a livre escolha) é em si mesma uma boa coisa. Portanto, Deus criou apenas boas coisas, uma das quais foi o poder da livre escolha, e as criaturas morais é que produziram o mal. Entretanto, Deus é o autor de um universo moral, e neste sentido indireto, ele, em última instância, é o autor da possibilidade do mal. É claro, Deus apenas permitiu o mal, jamais o promoveu, e por fim irá produzir um bem maior através dele (cf. Gn 50:20; Ap 21-22). A relação de Deus com o mal (Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia / Norman Geisler, Thomas Howe. São Paulo: Mundo Cristão, 1999)
5- Como surgiu o mal?
"Deus é bom, e criou criaturas boas com uma qualidade boa chamada livre-arbítrio. Infelizmente, elas usaram esse poder bom para trazer o mal ao universo ao se rebelar contra o Criador. Então o mal surgiu do bem, não direta, mas indiretamente, pelo mau uso do poder bom chamado liberdade. 
A liberdade em si não é má. É bom ser livre. Mas com a liberdade vem a possibilidade do mal. Então Deus é responsável por tornar o mal possível, mas as criaturas livres são responsáveis por torná-lo real....
Os seres humanos são a causa eficiente, embora secundária, das próprias ações livres. Deus produz o fato do livre-arbítrio, mas cada ser humano realiza o ato do livre-arbítrio. Então Deus é responsável pela possibilidade do mal, mas devemos assumir a responsabilidade pela realidade dele. ...
É claro que a pessoa usa o poder do livre-arbítrio para fazer livres escolhas. Mas a pessoa não é o livre- arbítrio. Ela apenas tem livre-arbítrio. É errado dizer que sou livre-arbítrio; apenas tenho livre-arbítrio. Então, sou a causa eficiente de minhas ações, mas o poder do livre-arbítrio é 0 meio pelo qual ajo livremente.
" Enciclopedia de Apologética. São Paulo: Vida, p. 534

6- Há propósito no mal, mesmo que ele seja apenas permitido?
7.1 Deus tem um bom propósito para tudo [que faz , mas não para tudo que acontece]
Deus conhece um propósito bom para todo o mal, mesmo que nós não o conheçamos. Só porque mentes finitas não conseguem imaginar um bom propósito para um mal não significa que ele não exista. Já que Deus é onisciente, ele sabe tudo. E já que é completamente bom, tem um bom propósito para tudo. Então, Deus realmente conhece um bom propósito para todo o mal, apesar de não o conhecermos: 
1. O Deus completamente bom tem um bom propósito para tudo [que faz]
2. Existem certos males para os quais não vemos um bom propósito. 
3. Logo, há um bom propósito para todo mal, apesar de não o vermos. O fato de seres finitos não verem o propósito de certos males não significa que este não exista. A incapacidade de ver o propósito do mal não refuta a benevolência de Deus; apenas revela nossa ignorância. 
O propósito de boa parte do mal é conhecido por nós. Apesar de não sabermos tudo, sabemos algo. E 0 que sabemos é que há um bom propósito para esse mal. Dores de advertência têm um bom propósito. Na verdade, a habilidade de sentir dor tem um bom propósito. Pois, se não tivéssemos o sistema nervoso, poderíamos destruir-nos sem sequer sentir dor. E a dor física pode ser a advertência que nos salva do desastre moral. ... E se nós, seres finitos, conhecemos o bom propósito de boa parte do mal, sem dúvida a mente infinita pode conhecer o bom propósito para o resto. 
7.2 O mal às vezes é subproduto do bom propósito
Nem todo mal específico precisa de um bom propósito. Alguns males podem simplesmente ser o subproduto necessário do bom propósito. ... o que é vida para formas superiores é morte para formas inferiores. Plantas e animais morrem para que o homem possa ter comida para viver. Então o mal resulta indiretamente do bem porque é a conseqüência de um propósito bom. 
Portanto, a resposta pode ser expressa da seguinte maneira: 
1. Deus tem um bom propósito para tudo que faz. 
2. Alguns bons propósitos têm subprodutos maus. 
3. Logo, alguns males são subprodutos de um bom propósito. 
Nem todo evento específico no mundo precisa ter um bom propósito. Apenas o propósito geral precisa ser bom. O ferreiro tem um bom propósito para martelar o ferro derretido e fazer a ferradura. Mas toda faísca que sai tem um propósito para seu destino. Algumas faíscas podem causar incêndios involuntários. Da mesma forma, Deus tinha um bom propósito para criar a água (sustentar a vida), mas afogamentos são um dos subprodutos malignos. Assim, nem todo afogamento específico precisa ter um bom propósito, apesar de a criação da água em que ele ocorreu ter tido. Muitas coisas boas seriam perdidas se Deus não tivesse permitido que o mal existisse. 0 fogo não queima a não ser que o ar seja consumido. A retribuição justa não é infligida nem a paciência é alcançada sem o mal da provação. 
Isso não significa que este mundo atual seja o melhor mundo possível. Significa que Deus o fez como a melhor maneira de atingir seu objetivo supremo do bem maior. Talvez Deus nem sempre tire algo bom de todo subproduto mau no mundo decadente. Isso poderia ser verdade no âmbito físico e moral. Como o lixo radioativo, alguns subprodutos malignos podem resistir ao reprocessamento. Na verdade, conforme a segunda lei da termodinâmica, o mundo físico está apodrecendo. Mas Deus tem o poder de recriá-lo (v. 2Pe 3.13). A morte do ser humano pode ser derrotada pela ressurreição (v. Rm 8; 1 Co 15). Nada disso é problema para o Deus onipotente." Enciclopedia de Apologética. Norman Geisler, São Paulo: Vida, p. 537)
Este mundo não é o melhor mundo possível, mas é o meio para o mundo ideal, o melhor mundo possível.
7- E o mal natural? Terremotos, furacões?
 "O desastre natural é resultado direto da maldição sobre a criação por causa do pecado da humanidade (Gn 3; Rm 8). Ela não será removida até Cristo voltar (Ap 21, 22). .... Na linguagem bíblica, o livre-arbítrio de Adão e Eva trouxe o desastre natural a este mundo. Além disso, o livre-arbítrio de anjos maus explica o resto do sofrimento humano. 
No entanto, mesmo ignorando essa possibilidade, que por si mesma explicaria todo mal natural, o sofrimento físico pode ser explicado em relação ao livre-arbítrio humano. 
1. Alguns sofrimentos são causados diretamente pelo livre-arbítrio. A escolha de abusar de meu corpo pode causar doença. 
2. Alguns sofrimentos são causados indiretamente pelo livre-arbítrio. A escolha de ser preguiçoso pode resultar em pobreza.
3. Alguns males físicos que afligem outros podem resultar do nosso livre-arbítrio, como no caso de maus tratos ao cônjuge ou aos filhos. 
4. Outros sofrem indiretamente por causa do nosso livre-arbítrio. 0 alcoolismo pode levar à pobreza dos filhos do alcoólatra. 
5. Alguns males físicos podem ser o subproduto necessário de um bom processo. Chuva, ar quente e ar frio são todos necessários para alimentação e para a vida, mas um subproduto dessas forças é o tornado. 
6. Alguns males físicos podem ser a condição necessária para alcançar o bem moral maior. Deus usa a dor para chamar nossa atenção. Muitos chegaram a Deus por meio do sofrimento. 
7. Alguns sofrimentos físicos podem ser a condição necessária de um bem moral maior. Assim como diamantes são formados sob pressão, o mesmo acontece com o caráter. 
8. Alguns males físicos são o acompanhamento necessário do mundo físico moralmente bom. Por exemplo, é bom ter água para nadar e passear de barco, mas uma concomitância necessária é que também podemos afogarnos nela. É bom ter relações sexuais para procriação e prazer, apesar de isso possibilitar o estupro. É bom ter alimento para comer, mas isso também possibilita a morte por envenenamento. 
A essa altura, o crítico pode perguntar por que o mundo físico é necessário. Por que Deus não criou espíritos, que não poderiam machucar seus corpos nem morrer? A resposta é: Deus criou; eles se chamam anjos. O problema é que, apesar de nenhum anjo poder morrer por envenenamento, ele também não pode se deliciar com um churrasco. Apesar de nenhum anjo jamais ter-se afogado, nenhum anjo jamais foi nadar ou esquiar na água. Nenhum anjo jamais foi estuprado, mas também nunca desfrutou do sexo ou da bênção de ter filhos (Mt 22.30). Neste mundo físico, simplesmente temos de aceitar o mal concomitante com o bem. Finalmente, é claro, os teístas cristãos acreditam que Deus nos redimirá de todo mal físico também, dando-nos corpos imortais e incorruptíveis. Mas, se os recebêssemos antes de estarmos moralmente preparados para eles, não faríamos 0 progresso moral necessário para sermos adequados a eles."Enciclopedia de Apologética. Norman Geisler, São Paulo: Vida, p. 538

8- Por que Deus criou este mundo? sabendo que o mal seria não só possível, mas real? Como pode se atingir o melhor mundo possível?
Bibliografia: 
http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=&t=&palavra=mal
Enciclopedia de Apologética. Norman Geisler, São Paulo: Vida, p. 534
Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. Norman Geisler, Thomas Howe. São Paulo: Mundo Cristão, 1999

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Pode-se demonstrar a existência de Deus? Critica a Kant





A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO DE DEUS

Objeções:      
Kant nega a possibilidade da demonstração da existência de Deus pela razão utilizando de pelo menos dois argumentos:
  1. Só podemos conhecer os fenômenos e não as coisas em si (noumeno). [Fenômeno  na filosofia de Immanuel Kant o termo 'Fenômeno' é constratado com o termo 'Nôumeno'. Os fenômenos constituem o mundo como nós o experimentamos, ao contrário do mundo como existe independentemente de nossas experiências ('das coisas-em-si'). Segundo Kant, os seres humanos não podem saber da essência das coisas-em-si, mas saber apenas das coisas segundo nossos esquemas mentais nos permitem apreender a experiência — o termo "filosofia" na época de Kant seria, hoje o equivalente aproximado do que chamamos de "ciência". A filosofia deve, portanto, preocupar-se em compreender o próprio processo da experiência.] Nôumeno – o que é apreendido pelo pensamento. Designa a realidade considerada em si mesma – a coisa-em-si, independentemente da relação de conhecimento, podendo apenas ser pensada, sem ser conhecida.
  2. Segundo Kant, não se pode utilizar o princípio da causalidade fora da ordem sensível (no mundo dos fenômenos, no mundo da experiência empírica.) e Deus está fora da área sensível
Refutação:
  1.  
  • Kant admite a realidade das coisas em si independentes do sujeito que conhece. Então independente do fato de se conhecer ou não a coisa em si, admite que tais objetos existem na realidade. Da mesma forma mesmo que não possamos conhecer o Ser Supremo tal qual ele é, podemos saber da sua existência, e esse é nosso objetivo aqui. Isso é possível, não diretamente como ocorre com os outros seres, mas indiretamente em função da aplicação do princípio da causalidade usado para descobrir a razão da existência dos seres.
  • Com o avanço da Ciência é possível conhecer muito mais dos seres que na época de Kant. Assim mesmo que não possamos apreender tudo que o objeto do nosso exame é, podemos descobrir vários dos seus atributos e características, como por exemplo, uma pedra: peso, volume, composição química, etc. Da mesma forma, tal qual será visto, mesmo não podendo conhecer 100% Deus, podemos conhecer alguns de seus atributos.
  1.  
  • O princípio da causalidade tal qual será usado serve apenas para exigir uma causa do universo, e isto em virtude do que apreendemos experimentalmente (na ordem sensível), e para definir o que é, ou deve ser em si, esta causa.
  • Só se pode falar dessa Causa, considerada em sua própria natureza de causa, senão levando em conta a analogia, a analogia proporcional, isto, é, de um modo de pensamento em que as coisas de que falamos são apenas proporcionalmente semelhantes às que concebemos, segundo nossa experiência.
  • Em outras palavras, o conceito analógico de causa, que se encontra em todas as provas da existência de Deus como meio termo, designa, não a causalidade tal qual existe na ordem empírica (prática, experimental), mas aquilo em que essa causalidade da ordem criada é proporcionalmente semelhante a uma causalidade de uma outra ordem essencialmente diferente. Então daí se conclui que Deus é ser e causa, mas de modo absolutamente exclusivo, pois ele é a causa não causada e o ser cuja essência corresponde à existência.
Bibliografia: 
 JOLIVET, Regis. Curso de filosofia. Rio de Janeiro, Agir, 1976.
JOLIVET, Regis. Tratado de filosofia - Vol 3 Metafásica. Agir, 1972
TILGHMAN, B. R. Introdução à Filosofia da Religião.São Paulo, Loyola, 1996.
ZILLES,urbano. Filosofia da Religião. Paullus, 1991.
ZILLES,Urbano. O Problema do conhecimento de Deus.Porto Alegre, EDIPUCRS, 1989